segunda-feira, 22 de março de 2010

Sobreviventes em um naufrágio


É bem provável, inestimável leitor, que você já tenha assistido o filme “O naufrago” com Ton Hawks . O filme narra a história de um sobrevivente de naufrágio que refugia-se em uma ilha até o momento em que decide sair dessa ilha em seu barco improvisado e após longo período em alto mar é resgato com vida. Bem, esse homem teve a sorte de ter encontrado uma ilha, para salvação sua., mas o que dizer daqueles sobreviventes que encontram-se a deriva em mar aberto? Você seria capaz de se imaginar na pele de uma dessas pessoas? O pânico talvez seria o mais atenuante de todos os sentimentos que você poderia sentir em uma situação como essa. Voltando ao imaginário, qual seria a sua reação ao perceber que há dezenas de pessoas a sua volta clamando por ajuda, quando na real situação até você mesmo faz coro com as vozes de pedido de ajuda? Antes de sua resposta é preciso que você considere sua boa forma física e sua ótima aptidão para o nado; Visualize ainda a sua volta pequenas partes da embarcação em que você achava-se tripulado que de forma não muito eficaz serviriam a você como alguma espécie de salva vidas. Já formulou sua resposta? Talvez você esteja pensando que de alguma forma eu esteja querendo persuadi-lo a uma resposta que o colocaria na condição máxima do exemplo do amor altruísta e sacrificial por aqueles a sua volta. Acho que não seria de todo mal pensar dessa forma, afinal de contas “a melhor forma de se salvar não seria a de se perder em resgate dos outros?”. Deixemos de lado as cenas robaldas de um filme “dicapriano” e nos voltemos agora a realidade fria de nossas inatas tendências individualistas que se traduzem de forma precisa no ditado que se segue: “Farinha pouca, meu pirão primeiro”.
Agora imagine você novamente na situação descrita, agora enxergando-a no prisma de nossas tendências individualistas já mencionadas. O pensamento que se seguiria a essa nova condição talvez fosse o de que todos estávamos no mesmo barco e lançados a mesma sorte e que seria razoável, antes de mais nada, priorizar a manutenção de sua própria. “Seria por demais arriscado, estando eu tão cansado, ir a ajuda de alguém. Você nem imagina como as pessoas desesperadas agem, podem nos afogar com elas, e por fim acabaria consumindo minhas ultimas energias, algo que culminaria em meu afogamento devido ao meu cansaço extremo”. Obviamente que as situações aqui expostas não possuem fechamentos tão simplistas como apresentados por mim, mas procuro trazer nessa ilustração a essência de nossos valores mais primários como seres humanos. Você não precisaria literalmente estar em um barco para viver as atitudes e os sentimentos de um naufrago. Imaginemos então que o barco represente as nossas vidas e o mar seja o mundo em que vivemos nas suas mais diversão relações com nossas vidas e os naufrágios como sendo as crises e as dificuldades a que estamos todos sujeitos. Vamos aplicar isso as nossas vidas? Você tem enfrentado muitos problemas que o tem afligido e tornado seus dias difíceis, seus conflitos tornam o seu coração enrrubredecido. . Você tem lutado para sobreviver, esforçando-se por manter sua cabeça a cima das águas, um naufrago por excelência. Em meio a esse contexto você depara-se com pessoas que vem ao seu encontro desaguando seus problemas na esperança de alguma forma de consolo ou de remediar seus enfrentamentos, mais um naufrago a deriva. Qual deve ser a nossa atitude diante de uma realidade como essa? Estender a mão, quando na verdade você deseja que os problemas alheios estejam a 10.000 milhas de você?
Mal suportamos nossos problemas, e como ainda ter de conviver com os alheios ? Ter uma atitude amiga, uma palavra de encorajamento, um gesto solidário. Assumir a responsabilidade de fazer ao outro o que você gostaria que fizessem a você. Compartilhar do pouco da água que lhe ainda resta, sob o risco de esta lhe falte depois. Parece ser uma missão um tanto quanto difícil até mesmo pelo fato de você não enxergar em si mesmo virtudes que o condicionem a fazer o que é preciso em favor de alguém. O Senhor Jesus durante todo o seu ministério dedicou-se ao serviço de ajudar as pessoas. Ele consolava,curava, perdoava a todos os que fossem até ele. O exemplo máximo do comprometimento de Cristo com as pessoas é visto no evangelho de João no capítulo 15 e verso 13 que diz: “Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.”Jesus levaria o seu propósito de servir aos seus amigos até as ultimas conseqüências. A dor que sentia não cruz não o impediram de ainda se preocupar com a provisão e necessidades de sua família( Jo 19.17) , Jesus delega a João a responsabilidade de cuidar das pessoas. A pesar de toda a dor insuportável de suas feridas seu desejo ainda era o de cuidar dos seus. O que o fez ser capaz de realizar todas essas coisas? O amor, o mais puro e poderoso de todos os sentimentos. Ele confiou a nós, os seus filhos , a continuidade de seu mistério de serviço ao nosso próximo ainda que isso nos custe uma vida de tranqüilidade e de desacanso ou quem sabe até a nossa própria existência. À um ditado que caberia bem em qualquer passagem bíblica que diz: quando nos ocupamos em cuidar das coisa de Deus, ele se ocupa em cuidar das nossas. A uma outra frase diz que: “A melhor forma de nos acharmos é a de nos perdermos em benefício dos outros”.
Como alcançaremos isso? Joelhos dobrados e um coração aberto para receber o poderoso amor de Deus. A matemática de Deus é inversa, quanto mais entregamos mais recebemos. A quero te fazer um convite: deixe suas expectativas individualistas com relação aos seus problemas( partes de uma embarcação) de lado e seja a mão que se estendeu em favor de uma vida que sobreviveu a um naufrágio.